Potencial energético de florestas será discutido no Fórum Brasileiro de Biomassa

Responsável por atender 12% da demanda energética brasileira, a madeira como fonte de energia ainda é marginalizada no Brasil e não tem merecido o mesmo tipo de tratamento estratégico, como o observado, por exemplo, para a cana-de-açúcar, que tem a mesma ordem de grandeza de participação no atendimento da demanda energética do país

De acordo com o pesquisador da Esalq-USP, José Otávio Brito, seriam várias as explicações para isso. “Ainda é comum, dentro do próprio setor florestal/madeireiro, a preferência por usar a madeira ‘para fins mais nobres’ do que produzir lenha ou carvão vegetal”, afirma o especialista.

Segundo Brito, isso é retrogrado. “No momento em que o mundo inteiro clama por novas fontes, nada poderia ser mais nobre e atual, do que conduzir processos com energia limpa e renovável, vinda da biomassa florestal, numa enorme gama de possibilidades, que vai da simples geração de calor, até a produção de carvão vegetal para siderurgia, visando à obtenção do chamado aço verde”, explica. Para o pesquisador, é necessária uma política pública que estimule o uso da madeira, em diferentes formas, para gerar energia.

Para debater esse tema, o mercado e as perspectivas desse negócio, será realizado no dia 19 de novembro, em Lages (SC), o Fórum Brasileiro de Biomassa Florestal. O evento faz parte do Encontro Latinoamericano de Base Florestal e Biomassa, que começa no dia 17 de novembro.

De acordo com Brito, que fará a palestra de abertura do Fórum, é importante a discussão desse tema no município catarinense considerado referência no uso da biomassa de madeira e pela forte presença de produtores florestais. Na opinião do pesquisador, engenheiro florestal por formação, como princípio básico, é preciso ampliar ainda mais o incentivo aos plantios de florestas para energia. “Hoje, mais da metade do consumo de lenha no Brasil vem de florestas nativas, principalmente de áreas que são abertas para o cultivo agrícola e de empreendimentos urbanos.

Quando se usa madeira de floresta plantada para a geração de energia, está se utilizando de um recurso renovável”, afirma Brito. Segundo o Balanço Energético Nacional do Ministério de Minas e Energia, a siderurgia aparece em primeiro lugar no consumo de lenha para energia com cerca de 50 milhões m³/ano e, em segundo lugar, está o uso para fins domésticos, com quase 30 milhões m³/ano.

Durante o Fórum também serão debatidos o pré-tratamento da biomassa florestal para geração de energia, custos de geração de energia e vapor e concepção e gerenciamento de projeto de bioenergia. Os cem primeiros inscritos no fórum serão contemplados com uma visita técnica à Usina de co-geração Lages, da Tractebel Energia.