Após 12 encontros realizados ao longo
da semana em diversos municípios catarinenses para a divulgação da campanha
nacional contra a PEC 37/2011, conhecida como a "PEC da
Impunidade", um ato público promovido nesta sexta-feira (12), no
Plenarinho da Assembleia Legislativa, encerrou o ciclo de mobilização no
estado.
Os eventos fazem parte da campanha
"Brasil contra a impunidade", que combate a proposta de mudar a
Constituição para retirar do Ministério Público e de outros órgãos o poder de
investigação criminal, tornando-o exclusivo das Polícias Civil e Federal. A
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 é uma iniciativa do deputado federal
Lourival Mendes (PTdoB-MA) e tramita na Câmara dos Deputados.
O objetivo da mobilização em Santa
Catarina é prestar esclarecimentos à sociedade sobre os efeitos negativos que a
aprovação da proposta representaria no que se refere ao combate da
criminalidade, impunidade e corrupção. A intenção é sensibilizar os
parlamentares para que eles rejeitem a matéria.
Em Santa Catarina, os eventos foram
promovidos pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), pela Associação
Catarinense do Ministério Público (ACMP), pelo Ministério Público Federal (MPF)
e pelo Ministério Público de Trabalho (MPT).
Além de disponibilizarem um
abaixo-assinado eletrônico contra a PEC que já conta com mais de 120 mil
assinaturas, os coordenadores da campanha organizam uma mobilização nacional no
dia 24 de abril, em Brasília.
A campanha é coordenada pelo Conselho
Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União
(CNPG), pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP),
pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), pela Associação
do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT) e pela
Associação Nacional do Ministério Público Federal.
Argumentos contrários à PEC 37
Caso a PEC 37/2011 seja aprovada pelo
Congresso Nacional, as investigações criminais serão concentradas nas polícias
federal e civil. Dessa forma, de acordo com o procurador-geral de Justiça de
Santa Catarina, Lio Marcos Marin, crimes hoje investigados pelo Ministério
Público, Receita Federal, Coaf, Ibama, Banco Central e por outros órgãos
ficariam sem resposta. As investigações poderiam ser questionadas e invalidadas
em juízo.
A aprovação da Proposta de Emenda à
Constituição inviabilizaria diversas operações realizadas pelo MPSC contra
crimes como sonegação de impostos, tráfico de drogas, corrupção e assalto a
bancos.
Marin também destacou que a PEC exclui
atribuições do Ministério Público reconhecidas pela Constituição e impede o
trabalho cooperativo e integrado dos órgãos de investigação, enfraquecendo o
combate à criminalidade. “Retirar o poder investigatório do Ministério Público
é um duro golpe à democracia e aos interesses da sociedade. Não queremos
exclusividade, defendemos a democratização, a universalização da investigação
para todos os órgãos. Queremos unir esforços pela preservação do bem-estar dos
cidadãos”, disse.
Outro argumento contrário à aprovação
da PEC 37 é de que as polícias civil e federal não têm capacidade operacional
para levar adiante todas as investigações. Segundo ele, a proposta está na
contramão de tratados internacionais assinados pelo Brasil e vai contra as
decisões dos Tribunais Superiores, que garantem a possibilidade de investigação
pelo MP.
Na opinião do procurador-chefe da
Procuradoria da República no Estado de Santa Catarina, Marcelo da Mota, a PEC
da Impunidade poderia ser chamada de PEC da Insanidade. “Apenas um órgão ter
monopólio da investigação criminal hoje no Brasil é uma loucura, pois não há
estrutura para executar as tarefas de forma satisfatória. Limitar os meios de
investigação no país é uma verdadeira insanidade”.
Já o procurador-chefe do Ministério
Público do Trabalho em Santa Catarina, Egon Koerner Junior, ressaltou que, caso
aprovada, a PEC esvaziaria o controle externo da atividade policial e afetaria
a separação dos poderes. “O nosso país caminharia a passos largos para um tempo
de obscuridade, com consequências gravíssimas, irreparáveis. Sendo a
investigação privativa da polícia, as investigações contra a polícia e os
poderes, principalmente o Executivo, seriam pífias, frouxas”.
Para o presidente da Associação Catarinense do
Ministério Público (ACMP), Andrey Cunha Amorim, a aprovação da PEC representa
um retrocesso. “É um verdadeiro atentado contra os interesses da nação e os
princípios que sustentam a nossa República. Temos que nos perguntar a quem
interessa que o Ministério Público e outros órgãos não investiguem mais",
enfatizou
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