Lages recebe pré-estreia do filme “Da Serra ao Seridó”

A obra vasculha e aprofunda a cultura, os costumes, pensamentos, desejos e autenticidade de habitantes da Serra catarinense e do Sertão do Rio Grande do Norte

Na noite de sábado (9), no Cine Marrocos, aconteceu a pré-estreia do documentário “Da Serra ao Seridó - Vivências em um Brasil de Contrastes”, com roteiro do cineasta lageano Fernando Leão, responsável também pela direção, fotografia e montagem do filme. A obra vasculha e aprofunda a cultura, os costumes, pensamentos, desejos e autenticidade de habitantes da Serra catarinense e do Sertão do Rio Grande do Norte, a região do Seridó, em que as histórias se assemelham em determinados aspectos, embora sejam personagens de regiões a cerca de 3,5 mil quilômetros de distância uma da outra, entre Lages e Caicó, um dos municípios visitados.
Entre os entrevistados está Ari da Roseira, figura lendária da Coxilha Rica, um dos mais famosos moradores da região, exímio contador de histórias e, de certa forma, parte “patrimonial” da cultura serrana. “Observei as reações de muitas pessoas que se identificavam, reconheciam personagens e trocavam comentários”, ressalta Leão.
Três anos de trabalho: As gravações do documentário foram iniciadas em 2012, a pós-produção, em 2013, e finalizada no início deste ano. O primeiro local a recepcionar a equipe de filmagem foi o Seridó, em fevereiro de 2012, e em julho do mesmo ano os produtores gravaram na Serra catarinense. O trabalho completo teve 54 entrevistas, sendo que 14 foram inseridas na montagem definitiva, com 90 minutos de duração. A obra foi inscrita no 19º Festival e Fórum Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), marcado para junho, na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), e no Festival de Natal (RN) e da Paraíba, todos ainda em análise.
In memoriam: “Emocionante o registro visual e oral destes personagens, cuja obra se perpetuará entre as gerações. O senhor Luiz Camargo, morador da Coxilha Rica, sempre dizia que amava onde vivia, na Fazenda Palmeira Velha, e lá gostaria de ser sepultado no dia em que partisse. Gravamos seu depoimento em 2012 para este documentário, e em 2014 ele faleceu. Esta é a riqueza que perdura: as experiências compartilhadas através da arte”, comenta Leão.
Agenda: Entre os dias 19 e 21 de maio, o campus do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc) de Lages promoverá o I Fórum de Tecnologia, Empreendedorismo e Inovação (Fortei). No dia 21, das 8h às 9h30min, será promovida sessão Ifsc Cinema, com o longa-metragem.
Ainda neste mês, nos dias 22 e 23, Leão realizará duas oficinas de documentário, gratuitamente, no Museu Thiago de Castro, na 13ª Semana Nacional de Museus. E a partir do dia 12 de agosto serão iniciadas as exibições no Seridó com duas semanas de sessões.
O longa-metragem, dirigido por Leão, contou com o suporte do historiador Lourival Andrade Jr. (roteiro), professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A produção é da Arsego, com coprodução da Baiuca Filmes e patrocínio da prefeitura de Lages, Fundação Cultural de Lages (FCL), prefeitura de Cruzeta (RN), Jornal Correio Lageano, Dalmolin Pneus, Disauto Distribuidora de Autopeças, Lafi Cosméticos e Transul.
Curiosidade: o que é Seridó: Seridó é uma região geográfica e cultural interestadual entre a caatinga e o campo nos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, no sertão nordestino. É também nome de um rio que banha os dois Estados. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dividiu a região em Seridó Ocidental e Oriental Potiguar e Seridó Ocidental e Oriental Paraibano. A palavra vem, segundo dicionaristas, da cultura indígena e significa, literalmente, “sem folhagem” (pouca sombra).

(Foto: Nilton Wolff)